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Irresponsabilidade do poder público, condições precárias de vida urbana, reivindicação de direitos, crítica à atuação dos políticos, foram alguns dos temas que o leitor dos anos 50 poderia encontrar nas páginas do Diário da Noite de São Paulo. Na sua leitura, poderia ainda chocar-se com relatos de crimes, com desastres, acidentes, poderia surpreender-se com anomalias como, por exemplo, o nascimento de uma criança com quatro pernas ou entreter-se com a descrição das façanhas de um faquir que teria sido sepultado com 120 víboras. Com estes temas, tanto de denúncia dos problemas cotidianos da população quanto sobre acontecimentos extraordinários, esportes, meio artístico; com grandes manchetes em negrito, chocantes, informações de interesse “humano” detalhadas, de fácil compreensão, abordagem afetiva e utilizando-se de recursos melodramáticos, o Diário da Noite investiu na criação de um vínculo com as camadas populares que nesses anos emergiram na cena política brasileira, tornando-se então evidente que, para o exercício do poder, seria agora necessário considerar essas massas como protagonistas da prática política. 1 À questão proposta pela necessidade dessa incorporação, vincularam-se o nacionalismo, o desenvolvimentismo e a modernização. Esses foram eixos em torno dos quais, com intencionalidades diversas e linguagens diferenciadas, aglutinaram-se partidos, intelectuais, artistas e estudantes que buscavam definir, num debate nunca tão acirrado, qual seria o projeto mais adequado para o Brasil. 2