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Além de excelente retrato de uma geração e testemunho vivo de uma faceta de um dos movimentos mais importantes das últimas décadas, o livro Ms. Magazine e a promessa do feminismo popular tem ainda um outro atrativo, esse um tanto mais inesperado: é impossível parar de lê-lo até que a última página se feche. Se o leitor tivesse em mãos uma novela policial, uma história de amor ou até mesmo a biografia de um ícone cultural, a explicação da magia da leitura seria fácil. É difícil, porém, que uma tese universitária, por mais importante que seja, prenda o leitor como se fosse um vigoroso romance. Um dos motivos para esse encanto deve estar na própria forma como a autora compõe o livro: procurando traçar um panorama histórico, o texto percorre um dos momentos mais sensíveis da revista Ms.: o que vai de sua criação na década de 1970, com a promessa de um periódico feminista que consiga atingir o grande público; ao final dos anos 80, quando há uma reforma de larga escala nas diretrizes editoriais da revista. No centro de tudo, o desafio de manter com clareza alguns dispositivos ideológicos e, ao mesmo tempo, conseguir anunciantes, patrocinadores, distribuidores. e, sobretudo, o apoio do público comprador. Como o leitor já deve ter desconfiado, tal trajetória está cheia de peripécias: elas vão do problema do abuso sexual e da legitimidade da propaganda da indústria de cigarro às polêmicas com o próprio público da revista. Assim, um incidente exige uma solução que acaba causando outro incidente e o livro vai, portanto, compondo-se de desafios, respostas e novas questões causadas por essas respostas. Como …